Nesse texto vou tratar do momento da decolagem em voos de competição, as informações que antecedem esse momento estão disponíveis no texto 1, leia também o texto sobre segurança, pois é o ponto inicial de onde devem partir todos os voos.
Ao posicionar-se na rampa com o seu parapente para a decolagem mantenha o foco no vento, ou seja, na direção do vento em relação à rampa, em possíveis termais que possam lhe colocar numa altura confortável para o início da prova, preferencialmente na base de alguma nuvem e a outros pilotos que após decolarem servirão com indicadores. Nesse caso tenha em mente o planeio do seu parapente, reparem na distância, altura e classe do parapente que deseja seguir nessa termal, se a termal se desprende logo na frente da rampa esses cálculos podem ser minimizados e a sua chance de subir é muito maior, se o termal se apresenta mais distante da rampa utilize as variáveis citadas anteriormente a seu favor, para evitar cair numa descendente onde o seu velame vai afundar muito mais que o outro e quando chegar onde queria o termal já se deslocou e só lhe resta o pouso logo no início do voo. A altura da rampa também influencia no nível da sua avaliação para a decolagem, rampas muito altas como Castelo, por exemplo, permitem uma recuperação caso tenha realizado uma avaliação térmica errada na decolagem, entretanto a rampa de São Lourenço e outras rampas com menor desnível são muito exigentes quanto ao momento da decolagem.
Uma boa avaliação do momento ideal para a decolagem numa competição envolve vários fatores, como experiência, conhecimento do local, conhecimentos meteorológicos, observação e outros, desta forma fica difícil exemplificar ou explicar ao competidor iniciante qual momento é o ideal para a decolagem numa competição, entretanto vou levantar situações visando auxiliar a compreensão de alguns fatores que podem ser úteis. Vou desconsiderar o dia clássico onde as térmicas apresentam razão de subida de forte a moderada, pouco intervaladas e vento de frente na rampa com intensidade de sustentação, onde a decolagem deverá ser o mais cedo possível, para lhe permitir um bom posicionamento no início da prova. Imagine-se em uma rampa baixa, vento de 5 km/h (fraco), termais com intervalos mais alongados e urubus agrupados numa mesma faixa de altura girando e subindo muito pouco, desconfie! A disposição dos urubus numa termal diz muita coisa, no caso anterior significa termal de pouca potência e bolhas pequenas, não é uma máxima para todo o dia, mas desconfie. Quando as aves se apresentam na térmica em forma de cone, bem separadas até a base e subindo bem é um excelente indicador. No caso proposto, adote uma postura bem mais conservadora e crítica para a decolagem, caso não exista nenhum indicativo visível uma boa dica é observar a biruta da rampa, pois a térmica ao se aproximar da rampa muitas vezes produz uma barreira para o vento que é obrigado a desviar, fazendo a biruta cair. Caso alguns competidores decolem nessa condição e consigam subir pouco mais que a altura da rampa, o fator que você deve observar é o intervalo das térmicas, se conseguem manter essa altura passando de uma térmica para a outra, considere decolar, pois em algum momento uma bolha de maior potência poderá se soltar levando o vôo para um nível mais elevado e mais velas voando nas proximidades da rampa vai acelerar a identificação desse termal. Dentro do possível evite afastar-se muito do relevo da rampa, normalmente as rampas são criadas em locais de bom potencial térmico e a barlavento, ou seja, grande quantidade de térmicas ou se desprendem próximo da rampa ou são trazidas pelo vento, desta forma não desperdice altura se deslocando para uma térmica afastada da rampa, aguarde o vento trazê-la até você e decole procurando atingi-la por cima ou no centro, nunca por baixo.
Alexandre Malcher
Alexandre Malcher
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