Pwc 2012 super final Roldanillo-Colombia
Por: Gustavo Ferreira
Foram 15 dias
de viagem, 10 dias de voaços com os melhores pilotos do mundo e companhia da
equipe nota 10 dos brazucas. Em geral não tivemos resultados expressivos, mas o
aprendizado valeu muito, sendo esse o melhor campeonato que já participei.
Quando está com pessoas que são melhores e mais experientes que você, a
evolução é uma consequência.
A Colômbia é
bem parecida com o Brasil, todavia um pouco menos desenvolvida. A história das
drogas já não é como antes e os governos estão combatendo bastante o
narcotráfico. A cidade onde ficamos é bem pequena e tranquila com o povo muito
hospitaleiro. A pousada era uma casa de família e o café da manhã na padaria da
esquina. Saída pra rampa 7:30...isso mesmo! A janela abria 10:00 horas
bombando tudo com start às 11:00 horas. A rampa era alta com desnível de 830 metros com um vale
grande na frente. Normalmente a condição apresentava-se com pouco vento e muita
térmica. Não vi nenhum prego nem dos competidores, nem dos birutas. O lugar é
mágico, o dia amanhecia encoberto e às vezes com chuva, depois o tempo abria no
vale e tínhamos provas com 100
km quase todos os dias. O melhor lugar que já conheci para
uma competição de parapente. Tivemos uma recepção maravilhosa com mobilização
de toda a cidade. Teve passeata, desfile, blocos, parecia um carnaval!
Sai do Brasil
com a idéia de ficar entre os 10 primeiros. Muita confiança e otimismo! Já nas
primeiras provas percebi que o nível era bem mais alto que imaginava. Os caras
aceleram muito em horas que normalmente tiramos o pé e voam juntos em pelotões
grandes. Então em um minuto você está na frente e no outro em quinquagésimo, isso
me incomodou e me atrapalhou no começo da competição, onde via aquele monte de
parapente na frente e queria tirar a diferença arriscando mais e fazendo rotas
alternativas, o que geralmente piorava a situação. Na verdade se você está
junto com o primeiro ou segundo pelotão, mesmo que tenha 50 na sua frente, você
está no jogo. As provas são longas e muda muito durante às 3 ou 4 horas de voo.
Nos primeiros dias comecei achar que as velas eram “envenenadas” e por isso
estávamos ficando pra trás. A verdade é que para lugares onde o potencial térmico
é alto existe uma conta, quanto mais rápido você chega à termal mais altura
você ganha em relação aos outros e consequentemente vai aumentando a distância(
teoria Mc.Cready ). Como todos andavam com a roldana colada, sempre chegavam
primeiro na termal e abriam distância. Algumas vezes isso não funcionava, pois
o primeiro pelotão escolhia uma rota ruim ou as térmicas falhavam e o segundo
pelotão acabava engolindo o primeiro. Isso aconteceu poucas vezes na Colômbia
já que o primeiro pelotão (só cabeção) geralmente escolhe a melhor rota.
Geralmente a
rota escolhida era pela montanha. Os gringos adoram voar nas cordilheiras e
realmente era onde o vôo estava rendendo mais. Outra coisa são as chamadas
linhas. Alguns metros para direita ou para esquerda te colocam 300 metros mais alto ou
mais baixo em uma tirada. Isso era nítido e funciona em qualquer lugar do
mundo.
Aprendemos como
trocar linhas do parapente, como medir com laser e principalmente como voar
rápido.
No Pwc está
permitido dar os loops nas linhas do parapente para ajustar a trimagem desde
que não fique fora dos padrões originais. Isso devido ao desgaste nas linhas
após horas de vôo. Para isso é feito a medida e comparada com as do projeto
original. Depois são dados os loops para encurtar as linhas que cederam, de
modo a retornarem aos padrões originais. Todos os dias as velas dos primeiros
colocados eram medidas e checadas. Esses loops foram vistos no brasileiro de
Araxá e ficamos com algumas dúvidas sobre esse procedimento.
Quanto à medida a laser é feita contando todo
tirante até a vela. E o que importa é a relação entre as linhas. Segue um
vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=TP79UvoBh7I
Tivemos um caso
de uma queimada grande com pilotos subindo a 13-20 m/s e quase todos sem muito
controle do parapente. No final tivemos dois reservas e proibição de entrar em
queimadas durante a competição. Em uma prova posterior quem entrou na queimada
teve seus pontos zerados. Além desse caso tivemos apenas um reserva. Muito pouco
para uma competição de 10 dias com todos os pilotos com a faca nos dentes e
voando full speed quase o tempo todo. Isso mostra como a certificação e
limitação das velas foi o melhor caminho para a segurança dos competidores.
Acredito que se ainda houvesse a classe open teríamos muito mais reservas e
acidentes!
Quanto às
velas ainda não temos grandes mudanças. Estão todas muito parecidas com destaque
para nova vela da Gin que levou os dois primeiros lugares na mão de dois
grandes pilotos. Das nove provas o Enzo chegou na frente em 7 provas e o
Boomerang em 2 provas. Entre os 10
primeiros 7 enzos , 2 boomerangs , 1 Icepeak.
Na parte
social, fomos orientados a não dar dinheiro para as crianças que nos ajudaram
quando pousamos, pois enquanto deveriam estar na escola ficam correndo atrás do
parapente pra ganhar uma gorjeta. Fica a sugestão para orientar os eventos no
Brasil.
Tivemos uma
ótima cobertura do evento feita pelo China, sempre trazendo a informação com agilidade
e eficiência. Muitas noticias e vídeos. Valeu China!
Todos os
brazucas conseguiram fazer boas provas o que mostra que temos potencial para
voar junto! Richard teve uma prova em 19º. Bafinho teve uma prova em 24º.
Vermelho teve uma prova em 19º. Miltão mandou muito bem em algumas provas e
acabou a competição em 55º. Na minha melhor prova tirei pro gol com 150 metros de margem
junto com os 10 primeiros e infelizmente uma descendente e um pouco de vento me
deixaram a 1km do gol numa prova de 111 km! Acabei em 93º no geral. Pra mim faltou
um pouco de experiência, tranqüilidade e preparo físico também, um campeonato
de 10 dias com provas longas é bem puxado e exige bastante. Por isso é legal
fazer alguma atividade física além de só voar e tomar cerveja!
Na volta para
o Brasil conseguimos perder o vôo dormindo dentro do aeroporto... é mole!!!!?
Acordamos e
chegamos com uma hora de antecedência para o check –in. Não nos deixaram entrar!
Fica a dica: vôos internacionais duas horas antes!
Agora é
esperar o PWC de Baixo Guandu e tentar melhores resultados!
Abraços!
Gustavo Ferreira