quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Pwc 2012 super final Roldanillo-Colombia


 


Pwc 2012 super final Roldanillo-Colombia 

Por: Gustavo Ferreira

Foram 15 dias de viagem, 10 dias de voaços com os melhores pilotos do mundo e companhia da equipe nota 10 dos brazucas. Em geral não tivemos resultados expressivos, mas o aprendizado valeu muito, sendo esse o melhor campeonato que já participei. Quando está com pessoas que são melhores e mais experientes que você, a evolução é uma consequência.
A Colômbia é bem parecida com o Brasil, todavia um pouco menos desenvolvida. A história das drogas já não é como antes e os governos estão combatendo bastante o narcotráfico. A cidade onde ficamos é bem pequena e tranquila com o povo muito hospitaleiro. A pousada era uma casa de família e o café da manhã na padaria da esquina. Saída pra rampa 7:30...isso mesmo! A janela abria 10:00 horas bombando tudo com start às 11:00 horas. A rampa era alta com desnível de 830 metros com um vale grande na frente. Normalmente a condição apresentava-se com pouco vento e muita térmica. Não vi nenhum prego nem dos competidores, nem dos birutas. O lugar é mágico, o dia amanhecia encoberto e às vezes com chuva, depois o tempo abria no vale e tínhamos provas com 100 km quase todos os dias. O melhor lugar que já conheci para uma competição de parapente. Tivemos uma recepção maravilhosa com mobilização de toda a cidade. Teve passeata, desfile, blocos, parecia um carnaval!
Sai do Brasil com a idéia de ficar entre os 10 primeiros. Muita confiança e otimismo! Já nas primeiras provas percebi que o nível era bem mais alto que imaginava. Os caras aceleram muito em horas que normalmente tiramos o pé e voam juntos em pelotões grandes. Então em um minuto você está na frente e no outro em quinquagésimo, isso me incomodou e me atrapalhou no começo da competição, onde via aquele monte de parapente na frente e queria tirar a diferença arriscando mais e fazendo rotas alternativas, o que geralmente piorava a situação. Na verdade se você está junto com o primeiro ou segundo pelotão, mesmo que tenha 50 na sua frente, você está no jogo. As provas são longas e muda muito durante às 3 ou 4 horas de voo. Nos primeiros dias comecei achar que as velas eram “envenenadas” e por isso estávamos ficando pra trás. A verdade é que para lugares onde o potencial térmico é alto existe uma conta, quanto mais rápido você chega à termal mais altura você ganha em relação aos outros e consequentemente vai aumentando a distância( teoria Mc.Cready ). Como todos andavam com a roldana colada, sempre chegavam primeiro na termal e abriam distância. Algumas vezes isso não funcionava, pois o primeiro pelotão escolhia uma rota ruim ou as térmicas falhavam e o segundo pelotão acabava engolindo o primeiro. Isso aconteceu poucas vezes na Colômbia já que o primeiro pelotão (só cabeção) geralmente escolhe a melhor rota.
Geralmente a rota escolhida era pela montanha. Os gringos adoram voar nas cordilheiras e realmente era onde o vôo estava rendendo mais. Outra coisa são as chamadas linhas. Alguns metros para direita ou para esquerda te colocam 300 metros mais alto ou mais baixo em uma tirada. Isso era nítido e funciona em qualquer lugar do mundo.
Aprendemos como trocar linhas do parapente, como medir com laser e principalmente como voar rápido.
No Pwc está permitido dar os loops nas linhas do parapente para ajustar a trimagem desde que não fique fora dos padrões originais. Isso devido ao desgaste nas linhas após horas de vôo. Para isso é feito a medida e comparada com as do projeto original. Depois são dados os loops para encurtar as linhas que cederam, de modo a retornarem aos padrões originais. Todos os dias as velas dos primeiros colocados eram medidas e checadas. Esses loops foram vistos no brasileiro de Araxá e ficamos com algumas dúvidas sobre esse procedimento.
 Quanto à medida a laser é feita contando todo tirante até a vela. E o que importa é a relação entre as linhas. Segue um vídeo:  http://www.youtube.com/watch?v=TP79UvoBh7I
Tivemos um caso de uma queimada grande com pilotos subindo a 13-20 m/s e quase todos sem muito controle do parapente. No final tivemos dois reservas e proibição de entrar em queimadas durante a competição. Em uma prova posterior quem entrou na queimada teve seus pontos zerados. Além desse caso tivemos apenas um reserva. Muito pouco para uma competição de 10 dias com todos os pilotos com a faca nos dentes e voando full speed quase o tempo todo. Isso mostra como a certificação e limitação das velas foi o melhor caminho para a segurança dos competidores. Acredito que se ainda houvesse a classe open teríamos muito mais reservas e acidentes!
Quanto às velas ainda não temos grandes mudanças. Estão todas muito parecidas com destaque para nova vela da Gin que levou os dois primeiros lugares na mão de dois grandes pilotos. Das nove provas o Enzo chegou na frente em 7 provas e o Boomerang  em 2 provas. Entre os 10 primeiros 7 enzos , 2 boomerangs , 1 Icepeak.
Na parte social, fomos orientados a não dar dinheiro para as crianças que nos ajudaram quando pousamos, pois enquanto deveriam estar na escola ficam correndo atrás do parapente pra ganhar uma gorjeta. Fica a sugestão para orientar os eventos no Brasil.
Tivemos uma ótima cobertura do evento feita pelo China, sempre trazendo a informação com agilidade e eficiência. Muitas noticias e vídeos. Valeu China!
Todos os brazucas conseguiram fazer boas provas o que mostra que temos potencial para voar junto! Richard teve uma prova em 19º. Bafinho teve uma prova em 24º. Vermelho teve uma prova em 19º. Miltão mandou muito bem em algumas provas e acabou a competição em 55º. Na minha melhor prova tirei pro gol com 150 metros de margem junto com os 10 primeiros e infelizmente uma descendente e um pouco de vento me deixaram a 1km do gol numa prova de 111 km! Acabei em 93º no geral. Pra mim faltou um pouco de experiência, tranqüilidade e preparo físico também, um campeonato de 10 dias com provas longas é bem puxado e exige bastante. Por isso é legal fazer alguma atividade física além de só voar e tomar cerveja!
Na volta para o Brasil conseguimos perder o vôo dormindo dentro do aeroporto... é mole!!!!?
Acordamos e chegamos com uma hora de antecedência para o check –in. Não nos deixaram entrar! Fica a dica: vôos internacionais duas horas antes!
Agora é esperar o PWC de Baixo Guandu e tentar melhores resultados!
Abraços!

Gustavo Ferreira